Corrida do Bombeiro reúne histórias de superação e gratidão

Corrida do Bombeiro reúne histórias de superação e gratidão

A tradicional Corrida do Bombeiro voltou ao Ipiranga no último domingo (2) depois de quatro anos ausente. Foi a oportunidade de, mais uma vez, testemunhar histórias de superação, homenagens, a união de famílias e o amor ao esporte.

Foi a 26ª edição da corrida, que faz parte da programação do Dia do Bombeiro, celebrado anualmente a 2 de julho.

A última prova realizada no Ipiranga tinha sido em 2019, porque depois veio a pandemia do novo coronavírus e a proibição de eventos que aglomeravam gente. Em 2022, a edição da corrida foi disputada no Campo de Marte.

São dois percursos oficiais pelas ruas do Ipiranga: um com cinco quilômetros e outro com dez quilômetros, ambas com largada e chegada na avenida Nazaré, diante do quartel-sede do Corpo de Bombeiros do Ipiranga.

Participaram atletas civis masculino e feminino, bombeiros militares e militares de outras corporações, como a Polícia Militar e o Exército.

A corrida de rua do bombeiro é já uma tradição do Ipiranga

 

Homenagem

Sônia Grotto Ripani correu a prova com uma camiseta especial, que trouxe estampada a fotografia de uma tia, a Rosa Domingues Stancatti.

“Decidi homenageá-la ainda em vida. Foi ela que me ensinou a correr”, explica a sobrinha.

Dona Rosa, ultramaratonista (quem corre provas acima de 42,195 quilômetros), é viúva de uma lenda do esporte no Ipiranga, com placa e tudo no Parque da Independência, Vinicio Stancatti.

Tia Rosa, explica Sônia, assumiu a função afetiva de mãe quando a dela morreu.

“Tia Rosa é especial. Quando tirei a blusa, todo mundo a reconheceu (na camiseta).”

Sônia estampou a tia no peito: gratidão

Superação

Sérgio Freitas é a própria imagem da superação humana.

Com 74 anos, marca-passo e stent cardíaco, quem ousaria dizer que ele foi o último colocado geral da Corrida do Bombeiro de domingo?

Este oficial da reserva do Exército começou a correr no quartel, há mais de 50 anos, e nunca mais parou. “Sou um rato de corrida. Minha primeira prova foi em 1969.”

Conheceu sua mulher também numa corrida, ela atleta, e, além dos benefícios amorosos, também apontou os de saúde advindos da prática.

“A atividade física é da maior importância. Cada um faz o que gosta, natação, futebol. Eu me identifiquei com a corrida”, descreve.

“O benefício da prática você vai sentir lá na frente”, incentiva os sedentários de hoje.

O descanso e a reposição de energia depois da prova

Em família

A Corrida do Bombeiro também é pródiga em apoio familiar. Maridos e mulheres madrugam para acompanhar seus cônjuges, muitas vezes com os filhos nos colos.

Com Juliana foi assim. Ela participou da Corrida do Bombeiro enquanto o marido, Daniel, a aguardava do lado de cá do alambrado, com os filhos.

Ao fim da prova, ela veio registrar seu feito no pódio montado dentro do pátio externo do Corpo de Bombeiros da avenida Nazaré. Seu fotógrafo, o marido.

Junto dela, os filhos Joaquim (no carrinho de bebê) e João.

“Ela fica com o mais difícil (a corrida) e eu, com o mais fácil (os filhos)”, brincou Daniel.

E esta família aqui é a do bombeiro militar Esteves, que correu a prova de cinco quilômetros. Nos braços, a Joana, e ao lado, a mulher, Yara.

“Queria fazer a de dez, mas senti o tornozelo. Achei melhor fazer a de cinco”, reconheceu.

Morador do Ipiranga, Esteves, entretanto, se surpreendeu com a geografia do bairro.

“Não imaginava que tinha tanta subida”, sorriu.

Família reunida na Corrida do Bombeiro é bonito.

Foi bom ver de volta os “vermelhos” (a cor oficial do uniforme da prova) às ruas do bairro, pois é já uma atração esperada. Pouco a pouco a vida vai se ajeitando depois dos abalos de uma pandemia.

Exposição

A ladeira do Parque da Independência, vizinho, recebeu a segunda parte das celebrações do Dia do Bombeiro: a exposição de equipamentos de resgate e salvamento, entre eles, carros novos e antigos de combate ao fogo.

Foi a chance de tirar uma bonita self no alto de um desses carros, conhecer equipamentos especializados, ouvir um rock pesado com o show da banda Fire, Smoke e Rock and Roll, formada por bombeiros, e ainda se espantar com o “Desafio do Machado”.

O desafio dividiu bombeiros em equipes, que precisavam desbastar o mais rápido um tronco largo de madeira.

São estes os nossos heróis, prontos a dar a própria vida para salvar outras vidas.

“O significado do Corpo de Bombeiros para mim é tudo, pois é a profissão que escolhi. Lutei para ser e fui escolhido. Só tenho gratidão por um serviço essencial em que podemos ajudar as pessoas, o meio ambiente e seus patrimônios na hora de uma emergência, seja ela qual for”, resumiu o sentimento coletivo o cabo Breno, do Corpo de Bombeiros do Ipiranga.

História

O primeiro agrupamento de homens dedicados profissionalmente ao combate ao fogo foi constituído em 2 de julho de 1856, no Rio de Janeiro, por iniciativa do imperador Dom Pedro 2º.

Por isso, o dia 2 de julho é o dia da categoria, e Pedro 2º é o patrono dos bombeiros brasileiros.